
Era final de uma tarde de Verão
eu sentada no meu cadeirão
escrevia persistentes grafias
e em suave rumor
a tua voz chega ao céu...
A noite aproxima-se
e com ela um harmonioso silêncio
não encontro-me sozinha...
Seria...?!
Nada avistava
mas estavas aqui,
nada escutava
mas sentia-te,
num leve rasto...
num manso arfar...
Só eu e teu mistério,
aqui tão próximo
e simultâneamente longínquo...
Experimento alguma nostalgia,
onde estou...?!
O tempo imobiliza-se
e olho em redor,
contemplo beleza de peúgadas...
Chego perto,
muito perto
fitámo-nos em amenas quietudes
ouvimo-nos em desabafos...
A noite veste-se de tons claros
com a luz do teu olhar,
no alumiamento suplicas abraços,
nas minhas asas
elevámo-nos num voo
e fazes sentir-me poderosa,
não existiam mais distâncias
a separarem extremos...
mas era (foi)
tão somente um conto,
o conto
de um Anjo de uma asa só...
Fathy Kard